martes, 23 de febrero de 2010

GRABADO:
Jogo de capoeira na Bahia, década de 1820.
http://saladepesquisacapoeira.blogspot.com/2009/08/1733-carolina-del-sur-boxeador-y.html




CAPOEIRA ANGOLA: CULTURA POPULAR E OJOGO DOS SABERES NA RODAPedro Rodolpho Jungers Abib Origens de uma tradição...........Desde a década de 1940, afirma Luiz Renato Vieira (1998), antropólogos como Herskovits têm apontado para a existência de “danças de combate” que trazem semelhanças com aquilo que conhecemos hoje como capoeira, não só na África - como o Muringue, em Madagascar -, como também em vários pontos da América, nos locais em que a diáspora negra se instalou. Relatos sobre o Mani em Cuba, e a Ladja na Martinica são dois exemplos dessas práticas. Sobre a Ladja, Vieira mostra a impressionante semelhança com a capoeira, verificada não somente do ponto de vista da execução de movimentos e golpes, como, o que é mais importante, o fato de congregar aspectos lúdicos, musicais (pratica-se ao som de atabaques) e de combate corporal.

3 comentarios:

AEC dijo...

É interessante o percebermos reproduzido quase quinze anos antes, num periódico dos órgãos policiais paulistas, sob uma roupagem literária. Mais interessante ainda é o fato de ter sido escrito pelo delegado-chefe da Seção de Contravenções, que ali pretende contar a “história da vadiagem no Brasil”. Após referir- se ao nexo que legitima a matriz da legislação sobre vadiagem como sendo a capoeiragem, Otávio Goulart de Carvalho se indaga acerca da “realidade” imposta pela abolição e culmina citando nada menos do que a autoridade em “problemas negros”, Artur Ramos:
“Faltou-nos o senso de equilíbrio e realidade de Ramalho Ortigão, que em uma de suas ‘Farpas’, de 1872, afirmava: ‘Para que o escravo deixe de ser escravo, é preciso que primeiro o ensinem a viver’. De fato ninguém procurou preparar o negro para fazer uso dessa liberdade e gozá-la verdadeiramente. Pois a realidade é essa: não houve ainda um 13 de maio para essa legião de desajustados, vadios e bêbados, sifilíticos e tuberculosos - míseros e esquálidos habitantes dos porões. Mais do que nunca os versos imortais de Castro Alves exprimem a verdade; ‘hoje... o porão rão negro, fundo, infecto, apertado, imundo...’[...] Conquistada aquela pseudo-liberdade propiciada pela princesa Isabel, os negros abandonaram os campos, sendo iniciado o êxodo para as cidades, flagelo que assoberba a nossa agricultura incipiente. O que fazem hoje? São vendedores ambulantes, eufemismo casuístico para encobrir a vadiagem franca. Nenhuma autoridade é maior no assunto que Artur Ramos, o qual escreve: ‘E começou a última de um calvário que não teve os seus lírios e seus poetas para cantar, como os atiloqüentes da abolição. Houve então uma enorme desorganização da sua personalidade. Inadaptado às novas condições sociais, deseducado, insciente das novas necessidades da civilização industrial que começava, o Negro foi engrossar a cauda dos desajustados, dos chomeurs, dos vagabundos das estradas ou a multidão dos mendigos e desocupados das cidades’” (45).
45 Otávio Goulart de Camargo, “A Vadiagem no Brasil”, in Revista do Departamento de Investigações de São Paulo, I(3), 1949.
FUENTE: FLÁVIO DOS SANTOS GOMES é
professor de História da Universidade Federal do Pará e
autor de Histórias de Quilomolas,
Mocambos e Comunicade de
Senzalas no Rio de Janeiro no Século XIX (Arquivo Nacional).
FÚLVIA ROSEMBERG é professora do
Programa de Pós-Graduação da PUC-USP e pesquisadora da Fundação Carlos Chagas.
EDITH PIZA é pesquisadora da
Fundação Carlos Chagas.

AEC dijo...

É interessante o percebermos reproduzido quase quinze anos antes, num periódico dos órgãos policiais paulistas, sob uma roupagem literária. Mais interessante ainda é o fato de ter sido escrito pelo delegado-chefe da Seção de Contravenções, que ali pretende contar a “história da vadiagem no Brasil”. Após referir- se ao nexo que legitima a matriz da legislação sobre vadiagem como sendo a capoeiragem, Otávio Goulart de Carvalho se indaga acerca da “realidade” imposta pela abolição e culmina citando nada menos do que a autoridade em “problemas negros”, Artur Ramos:
“Faltou-nos o senso de equilíbrio e realidade de Ramalho Ortigão, que em uma de suas ‘Farpas’, de 1872, afirmava: ‘Para que o escravo deixe de ser escravo, é preciso que primeiro o ensinem a viver’. De fato ninguém procurou preparar o negro para fazer uso dessa liberdade e gozá-la verdadeiramente. Pois a realidade é essa: não houve ainda um 13 de maio para essa legião de desajustados, vadios e bêbados, sifilíticos e tuberculosos - míseros e esquálidos habitantes dos porões. Mais do que nunca os versos imortais de Castro Alves exprimem a verdade; ‘hoje... o porão rão negro, fundo, infecto, apertado, imundo...’[...] Conquistada aquela pseudo-liberdade propiciada pela princesa Isabel, os negros abandonaram os campos, sendo iniciado o êxodo para as cidades, flagelo que assoberba a nossa agricultura incipiente. O que fazem hoje? São vendedores ambulantes, eufemismo casuístico para encobrir a vadiagem franca. Nenhuma autoridade é maior no assunto que Artur Ramos, o qual escreve: ‘E começou a última de um calvário que não teve os seus lírios e seus poetas para cantar, como os atiloqüentes da abolição. Houve então uma enorme desorganização da sua personalidade. Inadaptado às novas condições sociais, deseducado, insciente das novas necessidades da civilização industrial que começava, o Negro foi engrossar a cauda dos desajustados, dos chomeurs, dos vagabundos das estradas ou a multidão dos mendigos e desocupados das cidades’” (45).
45 Otávio Goulart de Camargo, “A Vadiagem no Brasil”, in Revista do Departamento de Investigações de São Paulo, I(3), 1949.
FUENTE: FLÁVIO DOS SANTOS GOMES é
professor de História da Universidade Federal do Pará e
autor de Histórias de Quilomolas,
Mocambos e Comunicade de
Senzalas no Rio de Janeiro no Século XIX (Arquivo Nacional).
FÚLVIA ROSEMBERG é professora do
Programa de Pós-Graduação da PUC-USP e pesquisadora da Fundação Carlos Chagas.
EDITH PIZA é pesquisadora da
Fundação Carlos Chagas.

AEC dijo...

É interessante o percebermos reproduzido quase quinze anos antes, num periódico dos órgãos policiais paulistas, sob uma roupagem literária. Mais interessante ainda é o fato de ter sido escrito pelo delegado-chefe da Seção de Contravenções, que ali pretende contar a “história da vadiagem no Brasil”. Após referir- se ao nexo que legitima a matriz da legislação sobre vadiagem como sendo a capoeiragem, Otávio Goulart de Carvalho se indaga acerca da “realidade” imposta pela abolição e culmina citando nada menos do que a autoridade em “problemas negros”, Artur Ramos:
“Faltou-nos o senso de equilíbrio e realidade de Ramalho Ortigão, que em uma de suas ‘Farpas’, de 1872, afirmava: ‘Para que o escravo deixe de ser escravo, é preciso que primeiro o ensinem a viver’. De fato ninguém procurou preparar o negro para fazer uso dessa liberdade e gozá-la verdadeiramente. Pois a realidade é essa: não houve ainda um 13 de maio para essa legião de desajustados, vadios e bêbados, sifilíticos e tuberculosos - míseros e esquálidos habitantes dos porões. Mais do que nunca os versos imortais de Castro Alves exprimem a verdade; ‘hoje... o porão rão negro, fundo, infecto, apertado, imundo...’[...] Conquistada aquela pseudo-liberdade propiciada pela princesa Isabel, os negros abandonaram os campos, sendo iniciado o êxodo para as cidades, flagelo que assoberba a nossa agricultura incipiente. O que fazem hoje? São vendedores ambulantes, eufemismo casuístico para encobrir a vadiagem franca. Nenhuma autoridade é maior no assunto que Artur Ramos, o qual escreve: ‘E começou a última de um calvário que não teve os seus lírios e seus poetas para cantar, como os atiloqüentes da abolição. Houve então uma enorme desorganização da sua personalidade. Inadaptado às novas condições sociais, deseducado, insciente das novas necessidades da civilização industrial que começava, o Negro foi engrossar a cauda dos desajustados, dos chomeurs, dos vagabundos das estradas ou a multidão dos mendigos e desocupados das cidades’” (45).
45 Otávio Goulart de Camargo, “A Vadiagem no Brasil”, in Revista do Departamento de Investigações de São Paulo, I(3), 1949.
FUENTE: FLÁVIO DOS SANTOS GOMES é
professor de História da Universidade Federal do Pará e
autor de Histórias de Quilomolas,
Mocambos e Comunicade de
Senzalas no Rio de Janeiro no Século XIX (Arquivo Nacional).
FÚLVIA ROSEMBERG é professora do
Programa de Pós-Graduação da PUC-USP e pesquisadora da Fundação Carlos Chagas.
EDITH PIZA é pesquisadora da
Fundação Carlos Chagas.