jueves, 20 de enero de 2011

1709- traiçoeiramente mataram seus compatriotas no Capão ou Capoeira da Traição

(pag)17

LXIV. No dia 11 de Junho de 1709 toma posse do governo do Rio de Janeiro António de Albuquerque Coelho de Carvalho, na qualidade de governador e capitão general da repartição do sul; e no fim do mez
de Julho seguiu para Minas Gemes, e se foi hospedar em casa de Sebastião Pereira de Agui:ir, opulento fazendeiro, natural da Bahia, e inimigo de Manoel Nunes Vianna, por causa de suas injustas violências contra os brazileiros; epor este motivo estava disposto abatel-o. Sabendo Manoel Nunes que o governador António de Albuquerque era homem valente, e se achava em Caheté, vai á elle com Bento do Amaral Coutinho e outros afim de se porem aos pés do governador e lhe pedirem perdão, o que effectivamente aconteceu ; e como o governador António de Albuquerque era militar de provado valor e politico sagaz, os recebeu bem, e assegurou-lhes o perdão régio, no caso de emenda para o futuro.
Satisfeitos Manoel Nunes Vianna e seus companheiros com a promessa voltaram para suas casas ; e António de Albuquerque, depois de visitar os demais povoados, creou villas, organisou camarás municipaes, nomeou autoridades, e dispondo os negócios públicos em bem dos povos, retirou-se procurando o caminho de S. Vicente, com o fim de aplacar os ódios dos paulistas contra os emboabas.
LXV. Partindo António de Albuquerque, de Minas para S. Vicente, em caminho encontrou-se com uma grande força de paulistas, capitaneados por Amador Bueno, que iam para Minas bater os forasteiros que
traiçoeiramente mataram seus compatriotas no Capão ou Capoeira da Traição. O governador António l de Albuquerque, os dissuadindo da empreza, não foi attendido, e como apenas ia acompanhado de quatro officiaes e dez soldados, e receiasse algum desacato, deixou-os seguir e encaminhou-se á Paraty, e dalli para a capital do Rio de Janeiro.

FUENTE: Chronica geral do Brazil (1886), Author: Mello Moraes, A. J. de (Alexandre José), 1816-1882
Publisher: Rio de Janeiro, B.L. Garnier, Year: 1886, Language: Portuguese, Book from the collections of: University of Michigan, Collection: americana

viernes, 14 de enero de 2011

1896- O antigo regimen- capoeiragem

O antigo regimen: (homens e coisas) (1896), Author: Suetonio, Publisher: Cunha, Year: 1896

1912-Coelho Neto habla del Capoeiragem

O morto : (memorias de um fuzilado) (1912), Author: Coelho Neto, 1864-1934, Publisher: Porto : Livraria Chardron, Possible copyright status: NOT_IN_COPYRIGHT, Language: Portuguese

(pag 8) O mestre recommendou-nie a um rapazinho que me levou, por entre a criançada, para um dos primeiros bancos. Sentei-me, abri a carta, mas a minha attenção perdia-se, distrahida em exames curiosos. Olhei para todos e para tudo. Nos últimos bancos havia homens, alguns barbados. Um, principalmente, surprehendeu-me : amulatado, bexigoso, feio, usava óculos e, durante toda a aula. esteve a arrepellar o cavaignac ; mais tarde vim a saber que se chamava Tinoco e que empacara nos verbos. Os monitores temiam-no porque era forte e entendia de capoeiragem ; o próprio mestre, a pretexto de que elle era um homem «de barba na cara», dispensava-o da palmatória, mas, á boca pequena, confessava-se que elle não lhe bati.i de medo.

jueves, 13 de enero de 2011

1853- RIO- band of capoeiras

126 Brazil and the Brazilians.

Yet there are occasions when the police receive a strong hint through the public press for their remissness. The following, taken from a late Correio Mercantil, is an illustration:
—"Night before last, after eight o'clock, an individual named Mauricio was attacked by a band of capoeiras(*) who fell upon him with clubs, striking him upon the forehead, and gashing his thigh in such a manner as to injure the artery. The victim, bathed in blood, was taken to the drug-store of Sr. Pires Ferao, and there received the necessary succors, which were afforded him by Dr. Thomas Antunes de Abreu, who rushed to the aid of the poor man as soon as he was called. No police-authority appeared to take cognizance of this criminal deed!" Such outrages are exceptions,and a few articles based on facts like the above soon arouse the police to their duty. There are some offences against the good of society which the police occasionally winked at during my residence in Rio, —i.e.gambling. The jogo seems an inveterate habit of some Brazilians; and when I have been cooped up with them in quarantine I have had opportunities for watching how every class represented in the Lazareto, from the padre down, gave itself up to the gambling-passion……………….English Slave-holders. 137.
There is a singular secret society among the negroes, in which the hiffhest rank is assigned to the man who has taken the most lives. They are not so numerous as formerly, but from time to time harm the unoffending. These blacks style themselves capoeiros, and during a festa they will rush out at night and rip up any other black they chance to meet. They rarely attack the whites, knowing, perhaps, that it would cost them too dearly.
(*) Africans, -who with daggers run a muck in the streets, but not often at the present day in Rio. See page 137.

fuente: BRAZIL, THE BRAZILIANS,PORTRAYED IN HISTORICAL AND DESCRIPTIVE SKETCHES.REV. JAMES C. FLETCHER AND REV. D. P. KIDDER, D. D. ILLUSTRATED BV ONE HUNDRED AND FIFTY ENGRAVINGS. EIGHTH EDITION. REVISED AND ENLARGED. BOSTON: LITTLE, BROWN, AND COMPANY. LONDON : SAMPSON, LOW, SON, & CO. 1868.

domingo, 9 de enero de 2011

tremendas rasteiras, rápidas e certas, secundado

Um espetacular resgate de escravos,Luta de capoeira resgatou escravos que iam ser recambiados para São Paulo.
Muito ainda precisa ser pesquisado sobre a história da escravatura negra no Brasil e particularmente em Santos. Grandes nomes do Abolicionismo militaram em terras santistas, onde também ocorreram episódios bastante curiosos na luta contra os escravocratas. Como um espetacular resgate de escravos ocorrido no bairro do Valongo, em que a população santista simulou uma grande briga de rua, enquanto os cativos eram subtraídos ao controle da força policial paulistana (que ia levá-los de trem para a capital) e colocados a bordo dum navio francês que os deixaria a salvo num porto do Norte do País.

Esse caso foi um dos inúmeros destacados por Francisco Martins dos Santos, em sua História de Santos, publicada em 1937 (segunda edição em 1986 pela Editora Caudex Ltda., de São Vicente, junto com a Poliantéia Santista do pesquisador Fernando Martins Lichti). Esse trabalho continua sendo apresentado a seguir:
A campanha da Abolição

[...]

Em 1882 fazia um ano que se fundara a Bohêmia Abolicionista, valente agremiação da juventude local, imaginada e organizada por Francisco Bastos, Antonio Augusto Bastos, Guilherme e Pedro de Melo, Antonio Couto, Artur Andrade, Antero Cintra, Luciano Pupo e Eugênio Wansuít, aos quais se juntaram, depois, Paulo Eduardo e José Vaz Pinto de Melo Júnior, Brasílio Monteiro, Joaquim Montenegro e outros.
O cidadão Fortes, um santista de Sergipe e excelente capoeira, como dezenas de outros que existiam entre os abolicionistas da linha de frente, entrou de repente em tremendas rasteiras, rápidas e certas, secundado por outros em redor, derrubando os soldados da captura e os capitães-do-mato, que já sorriam vitoriosos, enquanto a multidão confundia-se com eles, aos gritos, e Geraldo Leite saltava para cima da carroça tocando os animais a galope, para junto do velho Porto do Bispo, onde uma embarcação, já preparada, logo recebia os negros, carregando-os, à força de remos ágeis, para um dos navios franceses fundeados ao largo. Estavam livres sob a bandeira da França; não havia mais remédio; o navio estava de partida e, que se saiba, não houve protestos diplomáticos... Os fugitivos desceriam num porto do Norte do País, sob a proteção do consulado francês!

viernes, 7 de enero de 2011

1831- Capoeiras en desordenes

fuente: Repertorio geral, ou, Indice alphabetico da leis do imperio do Brasil publicadas desde o começo do anno de 1808 até o presente: em seguimento ao Repertorio geral do Desembargador Manuel Fernandes Thomaz ..., Volumen 1 ,Francisco Maria de Souza Furtado de Mendonça, E. & H. Laemmert, 1847

jueves, 6 de enero de 2011

1867- BRASIL- Reclutamiento de Capoeiras en el ejercito

Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, Volumen 30 ,Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, Instituto historico, geografico e ethnographico do Brasil, 1867

O RECLUTAMENTO
(pág 27- 28) O recrutamento no Brasil é o mais devastador que é possível.
Quantas vezes eu mesmo tenho observado soltar-se o atrevido capadorio (*) por empenho da potente senhoria? Quantas vezes debaixo do santo manto do poder tem-se visto prender-se o intrigado joven, muitas vezes o unico filho de uma familia desgraçada?! Quantas vezes sob a pobre e mesquinha capa hei observado chegar-se o ricaço camponez, e pelo escondido metal que comsigo traz livrar o filho, o parente, o amigo, talvez todos no caso desoffrer o recrutamento? Bem applicado o dicho—quem tem capa, escapa!! Ora, se nós observamos que pelo interesse pecuniario deixa-se de recrutar o vadio, o vagamundo, o filho desnecessario (**), e se empenha o sceptro do poder contra o desvalido, o orphão, o mercenario, e outros, cuja facilidade de captura induz ao recrutador a olhal-os, como inuteis cidadãos; como poderá o Brasil entreter um necessario exercito, não causando grande damno á sua população? Estas observações nos fazem acreditar ser evidente que a reforma das tropas de linha, sem comprometter a segurança nacional, faria desapparecer dois grandes obstaculos á população, — o celibato dos soldados, e o celibato que seu entretenimento faz nascer nas outras classes de individuos do Estado. Destruindo-se estas duas origens de males, destruir-se-ha um outro vicio politico, que não damnifica menos ao progresso da população, e cuja actividade é sempre relativa ao numero dos celibatarios e á miseria nacional. Este vicio ó a incontinencia e a immoralidade publica.

(*) Capadocio, termo provinciano, significa — sujeito valentão, dado ú bebida, ao jogo e ao deboche. — No Rio de Janeiro, vulgo — capoeira.

NOTAS: Vocabulario Brasileiro para servir de complemento aos diccionarios da lingua portugueza, Rubim Costa da Braz, 1853
(PAG 18) CAPUEIRA, mato curto que vêm depois da derrubada do mato virgem; é corrupção de co, cuera, roça antiga — desordeiro, brigão, que joga as cabeçadas; jogar capueira— casta de perdiz.

sábado, 1 de enero de 2011

1842-SAO PAULO -Batuque que termina en lucha y puñaladas

“Em cumprimento das ordens recebidas de V. Exa. para recrutar no Termo d’esta cidade mandei uma escolta de 8 soldados e 1 sargento de 1a. Linha à Freguesia da Conceição no dia 25 do corrente, (...) alguns individuos que, segundo informações que tive opportunadamente do subdelegado, devião reunir-se no mesmo dia 25 n’um sitio a 3 legoas distante da Freguesia. Forão com effeito recrutados - Vicente, filho de
Jose Rodrigues de Oliveira e de Joaquina de tal - 19 anos de idade e solteiro; e Joaquim, filho de Gertrudes Maria Machado, também de 18 annos e solteiro. Devo porem refferir a V. Exa. que esta diligencia não produzio todo o resultado que eu esperava, porque chegando a escolta ao lugar da reunião - ou batuque - ao amanhecer o dia, e encontrando na casa 30 e tantos homens, quase todos bem armados de facas, pistolas e algumas espingardas, e 14 mulheres, sendo alguns escravos, derão tiros e facadas sobre os soldados da escolta, e desse conflicto resultou ficar ferido o Inspetor de Quarteirão que a acompanhava, e morto um dos resistentes, Jose Pinto, no acto de dar uma facada n’um dos soldados, a qual rasgou somente a farda e a camisa. O subdelegado fica reunindo melhores informações, e vou expedir-lhe ordem para que abra summario pela resistência e para que prenda todos os que n’ella tomarão parte. He quanto posso agora levarão conhecimento de V. Exa. Deus Guarde a V. Exa S. Paulo 28 de dezembro de 1842. Illmo. Exmo. Sr. Conselheiro d’Estado Jose Carlos Pereira d’Almeida Torres - Presidente da Província. As.: José Ignacio Silveira Mota, Juiz Municipal e Delegado”. AESP, Ofícios Diversos, C00884, p.4, doc. 12.

1831- Capoeiras en desordenes Sao Paulo

“Illustrissimo Senhor Juiz de Paz=Como cidadão Brazileiro obediente a Lei, e amante da ordem tenho a honra de levar ao conhecimento de V. Sa. o sucesso seguinte. No domingo 27 do mez proximo passado [affuio] a vim (...) de açoens d’esta [Chacra] um grande número de escravos da cidade como 50, ou 60, armados de pás e faca se portarão em grupos em torno d’ella e 10, ou 12 virão bater ao meu portão desafiando os meus escravos ladinos que são 22 estes promptamente tão bem prepararão-se e mais a uns trinta e tantos novos mas possantes e castiados a 2 annos. No interior da minha caza fui informado por um homem branco da proxima tragedia que estava a apparecer em scena forão immediatamente aferrolhados os meos, e mandei por 2 brancos saber que pretendião os sitiantes, mandarão ousadamente resposta que querião mostrar aos negros cariocas a primponeza dos negros paulistas. Redobrarão então os assobios, e assoadas. Destes capoeiras dizem serem os chefes uns 2, ou 3 de barretes vermelhos. He-me desconhecido o motivo d’esta rivalidade, mas os meos ladinos me informão que não é outro mas que o de uns serem do Rio e outros de São Paulo ao mesmo tempo que todos eles são africanos. Seja ele qual for termo no Domingo seguinte a nomeação do mesmo acto, que se pode tornar consequente e funesto. A V. Sa. Senhor compete providencias. Digne-se V. Sa. pois a aceitar as cinceras [expressões] da distincta concideração com que me [louvo] ser de V. Sa. o mais attento venerador e criador=Antonio Joaquim de Macedo=Chacra do Bom Sucesso, 5 março de 1831".3
3
Arquivo do Estado de São Paulo (AESP). Ofícios Diversos da Capital, 1831, C00867, pasta 1, doc. 98.