miércoles, 24 de febrero de 2010

Lembranças e reconstrução da Educação Física no Colégio Pedro II- 1930 a 1937

Lembranças e reconstrução da Educação Física no colégio pedro II - 1930 a 1937
COELHO, Agnaldo Quintela. Professor da Escola de Educação Física de Volta Redonda. Mestre em Educação Física pela Universidade Gama Filho
A(S) DINÂMICA(S) (CONTEÚDO E PROCEDIMENTOS) DA AULA DE EDUCAÇÃO FÍSICA DO COLÉGIO PEDRO II NOS ANOS DE 1930 A 1937.

É bem verdade que a escola, enquanto instituição social, sofre influências do processo de transformação da sociedade. A Educação Física, por ser uma disciplina curricular dessa instituição, não fica fora deste contexto.
A História da Educação Física no Brasil nos mostra que esta sempre esteve presa a propostas estrangeiras, num processo de invasão cultural que não deixava espaço para a evolução de uma Educação Física com características nitidamente brasileiras.
Isto fica claro quando se fala desta prática na escola. De acordo com Berenguer e Queiroz (1991) o que se verifica na ginástica desenvolvida no Colégio Pedro II, no período dos anos 20 e início dos anos 30, é uma nítida influência da chamada ginástica sueca, apesar de a ginástica francesa ter sido adotada como método de Educação Física oficial em 1921 no meio militar, e em 1931 no sistema de ensino secundário.
Está influência nórdica foi corroborada no cruzamento entre a História oficial e a evidência oral, através dos seguintes depoimentos:
". . . fazia ginástica, essa ginástica comum sueca [ . . . ], a gente aprendia e aquilo era um aprendizado da instrução militar". ( INF 6 )
" . . . ginástica sueca naquela época [ . . . ] era mais movimento de braços, cintura e pernas, agora uma coisa interessante é que fazia campeonato colegial e eles ensinavam a prática do esporte ". ( INF 7 )
No tocante à década de trinta, particularmente de 1930 a 1937, a Educação Física esteve calçada em uma prática da higiene corporal, visando formar homens e mulheres sadios, fortes e dispostos à ação. Na instituição escolar, principalmente no Colégio Pedro II, considerado "Colégio Padrão", essa prática era desenvolvida através de certos procedimentos, como por exemplo:
" Ah! Exame havia sempre, exame de saúde era periódico, era para todo mundo, ninguém escapava não. Naquele tempo o médico botava você pelado lá, tomava nota no fichário, a altura, peso, tudo direitinho, braço, envergadura, é, perguntava sobre a família, né, e tudo anotado ali". ( INF 6 )
Um fato marcante na dinâmica das aulas ministradas neste período, com relação à concepção militarista, é relatado pelos INF’s 7 e 4:
"Havia seleção natural, porque havia corrida, aquela história de revezamento, mensageiro para lá e para cá, então havia corridas de fundo, os melhores participavam."
" E tinha lutas, lutas, eu não sei se vou chamar de luta livre, e que aí o Estêvão comparecia, era o representante da turma junto com outro. [. . .] ás vezes na própria aula de Educação Física os instrutores faziam torneios do boxe e luta livre. Eles faziam, então o grupo mais forte, mais privilegiado na época é que lutava e nós íamos assistir."
Confirma-se assim que através dessas dinâmicas, tinha a Educação Física neste período um papel de colaboradora " no processo de seleção natural, eliminando os fracos e premiando os fortes " ( Ghiraldelli, 1989, p. 18 ), e visava como objetivo principal a eugenização da raça.
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