jueves, 25 de febrero de 2010

1907-SANTOS-JORNALEIROS hábiles capoeiras

foto: Grupo de populares defronte ao Empório Sul Riograndense (praça Rui Barbosa, esquina da Rua do Comércio), destacando-se na primeira fila pequenos jornaleiros. Foto de 1907
Texto publicado no Almanaque da Baixada Santista - 1973, editado por Olao Rodrigues e produzido por Bandeira Júnior, da editora Indicador Turístico de Santos, de Santos/SP:
Pequeno jornaleiroIgnácio Rosas de Oliveira (*)
Foi celebrado em prosa e verso, imortalizado na pedra e no bronze, em pequenos troféus conferidos anualmente. No Rio de Janeiro há uma casa - parece que hoje transformada em Fundação - que leva seu nome.
Vendia pelas ruas o pão do Espírito, da mesma forma que outros meninos vendiam pão mesmo ou guloseimas que punham água na boca, preparadas pelas mãos de fada de mães carinhosas e abnegadas, à cata de mais alguns níqueis para as despesas do lar.
Era o pequeno jornaleiro, hoje uma figura do Passado, que fazia parte da paisagem humana das grandes cidades.
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Aqui em Santos existiram muitos. Via de regra eram garotos escanifrados, alguns mal saídos da primeira infância. Os tipos eram os mais variados: brancos, pretos, louros, claros, mestiços. Brigavam por qualquer coisa, às vezes por nada - com as mãos, pés e ... cabeça. Eram habilíssimos para dar uma rasteira ou cabeçada, estatelando o adversário no solo. Não procediam como os moleques de hoje, que usam lâminas de barbear, canivetes e até facas em suas brigas.
Mas eram unidos - como soem ser os humildes. Mordiscavam juntos o pedaço de pão dormido que os mais afortunados traziam no bolso, misturado com fieira e pião, bolinhas de gude, tampas de garrafas e caroços de abricó, ingredientes utilizados em seus jogos infantis.
No bolso traseiro o estilingue, com o qual abatiam avezitas descuidadas, nos caminhos dos morros ou na galharia dos jamboleiros à margem dos canais. Às vezes tal arma servia para defesa contra algum atrevidaço que com eles se metesse.

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