A REVOLTA DO VINTÉM E A CRISE NA MONARQUIA
Em 28 de dezembro ocorreu a primeira manifestação pública coletiva contra o imposto do vintém. Não houve violência. Às cinco horas da tarde, cerca de cinco mil pessoas se reuniram no Campo de São Cristóvão para ouvir o Doutor Lopes Trovão. Da janela de um sobrado o principal porta-voz da indignação popular fez um breve discurso para a multidão, explicou ao povo
que seria lícito levar uma petição ao imperador solicitando ao “primeiro magistrado da nação” a revogação do imposto. Ao término do discurso, por volta das seis horas da tarde, o orador convidou a população aglomerada a se dirigir imediatamente para o Paço da Boa Vista, onde se encontrava Sua Majestade. Os manifestantes responderam com vivas e palmas interrompidas
apenas pela leitura da petição que foi, também, calorosamente aplaudida. A multidão começou a se deslocar pela rua São Luiz Gonzaga quando Lopes Trovão foi “intimado” a interromper o percurso pelo 2o delegado de polícia da corte, à frente de uma linha de cavalaria e mais de cem agentes armados de longos e grossos cassetetes conhecidos como “bengalas de Petrópolis”. Lopes
Trovão ensaiou um breve discurso e respondeu conclamando os manifestantes a não ceder às intimidações, justificando se tratar de uma mobilização pacífica. A multidão continuou a caminhada ignorando as provocações da “polícia secreta” que “ensaiava passos de capoeiragem” e ameaçava com armas os integrantes do protesto. Depois de atravessar o Campo de São Cristóvão, entrar pela rua da Feira, rua de São Cristóvão e rua do Imperador, a multidão, que caminhava para a Cancela em direção ao Palácio da Boa Vista, encontrou o “portão da coroa” guardado por um pelotão de cavalaria que a impediu de levar a petição às mãos do monarca. Momentos depois, quando as pessoas começavam a dispersar, chegava um mensageiro da coroa dizendo que D. Pedro II aceitaria receber tão-somente uma comissão formada pelos “representantes do povo”. Porém era tarde. Os súditos e cidadãos em retirada resolveram ignorar a atenção tardia do imperador e a comissão – formada por Lopes Trovão, Ferro Cardoso, José do Patrocínio e Joaquim Piero da Costa –, se recusou a voltar atrás.55 Gazeta de Notícias, 29 dez. 1879. p.1. e O Conservador, 31 dez. 1879. p.2.
http://www.ifch.unicamp.br/ojs/index.php/historiasocial/article/view/53/52
NOTA DEL PESQUISADOR: A Revolta do Vintém foi um protesto ocorrido entre 28 de dezembro de 1879 e 1º de janeiro de 1880, nas ruas do Rio de Janeiro, capital do império brasileiro, contra a cobrança de vinte réis, ou seja, um vintém, nas passagens dos bondes, instituída pelo ministro da fazenda, Afonso Celso de Assis Figueiredo, futuro Visconde de Ouro Preto. Aos gritos de "Fora o vintém" a população espancou os condutores, esfaqueou os burros, virou os bondes e arrancou os trilhos ao longo da Rua Uruguaiana.
A estatística de feridos e mortos não é precisa, estima-se entre 15 e 20 feridos e entre 3 e 10 mortos. Desgastado, o ministério caiu, tendo o novo ministério revogado o tributo.
Obtido em "
http://pt.wikipedia.org/wiki/Revolta_do_Vint%C3%A9m_(Rio_de_Janeiro)"
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A HISTÓRIA DE RAMOS, OLARIA EPENHA
A Parada de Ramos
Em 1879 chegava à Irmandade o "Vigário do Outeiro", padre Ricardo, natural de Coimbra, republicano e parceiro de José do Patrocínio na luta pela abolição. Em sua chácara, conhecida como o Quilombo da Penha, o padre acolheu muitos escravos fugidos. Foi ele quem mandou abrir várias ruas, como a Rua dos Romeiros, e ajudou a popularizar as festas da Penha. O antigo porto de Mariangu ganhara, durante a administração do prefeito Pereira Passos, entre 1902 e 1906, uma ponte para as barcas da Companhia Cantareira atracarem, facilitando a ligação com o Cais Pharoux, na Praça XV de Novembro, no Centro, de onde vinham muitos dos fiéis para as festas da Penha. Além das atividades religiosas, as festas foram também, no início, uma oportunidade para a manifestação de tradições culturais lusas, como as danças e cantos que era lembrados por portugueses de origem menos abastada. Nesses primeiros anos da República, chegaram à capital federal ex-escravos, muitos deles provenientes da Bahia. Logo outros grupos surgiam, formados principalmente por operários e outros trabalhadores, que buscavam um pouco de diversão nas boas rodas de samba, ranchos e blocos. Nos arraiais da Penha, as charangas, violões e sanfonas, o bacalhau à moda do Porto, o caldo verde e o cozido misturavam-se, com alguma rivalidade, com os quitutes das "Tias" Baianas, com a cachaça e a capoeira.
Este texto é parte do guia Ramos, Olaria & Penha , pertencente à coleção Bairros do Rio, publicado pela Editora Fraiha [ fraiha@dh.com.br ].
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