A institucionalização das lutas ocorrendo no curso de formação de professores de educação física
Quando observamos os diversos programas que foram introduzidos na Universidade do Brasil 11, chama atenção sua ementa datada de 1941, neste momento o ensino das lutas estava incluída no currículo da instituição, sendo abordado na forma de uma cátedra denominada Desportos de Ataque e Defesa. Nela eram trabalhados tanto o Boxe, Jiu-jitsu, Lutas Olímpicas e a Esgrima. Os objetivos registrados visavam o ensino de uma defesa pessoal através de técnicas e também uma nítida preocupação com o esporte competitivo. A ementa do professor Alberto Latorre de Faria (1941) sugeria como pontos principais a serem tratados pela disciplina: execução correta de todos os golpes da defesa pessoal; capacidade para ministrar, o ensino da defesa pessoal, do Jiu jitsu, do Boxe internacional, da Luta livre e rudimentos de Esgrima; capacidade para servir como árbitro, jurado ou vogal em competições desportivas de Boxe, Jiu jitsu, Luta livre e Esgrima; prática moderada dos desportos de ataque e defesa.
Como se pode observar, em nenhum momento é apresentada a escola como local onde será utilizado os conteúdos para se atingir esses objetivos 12. Percebe-se que era dada uma importância a técnica principalmente quando continuamos analisando os assuntos listados pelo catedrático da disciplina, o que era uma tendência daquele momento. Anos mais tarde, ainda sob a responsabilidade do mesmo professor encontramos uma nova proposta programática onde se discute um novo nome que seria mais adequado à cadeira. Segundo seu proponente, a cadeira de Desportos de Ataque e Defesa abrange os desportos que atendem a um tríplice objetivo: higiênico, moral e utilitário. Para ele poderia se verificar o coroamento de uma educação física completa, viril e bem orientada mas agora, ao invés de se chamar Desportos de Ataque e Defesa, sugeria como nome mais adequado Desportos de Defesa Pessoal ou Desportos de Combate, já que seria vago, confuso e impreciso o nome anterior. Os desportos escolhidos para serem apresentados não modificaram muito do programa anterior, sendo a base o Boxe e o Jiu Jitsu este acompanhado entre parênteses o Judô. Estas práticas ensinadas aos homens enquanto que as mulheres teriam a disposição o esgrima e o Jiu Jitsu/Judô 13. Quando observamos os conteúdos propostos para serem trabalhados, percebemos a importância dada à regulamentação competitiva e continuava ausente a preocupação com a escola, fixando-se no ensino de uma educação física instrumental onde a técnica continuava a ser fundamental. Anos mais tarde as modalidades de lutas passaram a ser apresentadas na mesma universidade na forma de disciplinas independentes, cada qual com uma ementa própria, e ainda na década de setenta são incluídos a Capoeira e o Karatê, não mais se fala no Jiu Jitsu enquanto modalidade principal e sim só no Judô, um nítido reflexo da aceitação no gosto popular desta prática esportiva 14.
12 Nesta época a discussão do alcance profissional do licenciado e do bacharel ainda não merecia atenção.
13 Demorou algumas décadas para que o ensino de lutas como de outras modalidades esportivas fosse destinado a grupos constituídos de homens e mulheres, até então as aulas eram separadas por sexo. No início dos anos setenta o professor Rudolph Hermany procurou introduzir a prática do Judô feminino na forma de uma disciplina optativa.
14 Em Tóquio, no ano de 1964 pela primeira vez o judô é incluído em uma Olimpíada e no ano seguinte na cidade do Rio de Janeiro é disputado o primeiro campeonato mundial desta modalidade.
fuente:
A institucionalização das lutas ocorrendo no curso de formação de professores de educação física
No hay comentarios:
Publicar un comentario